24 de novembro de 2025
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Blockchain e ativos digitais expandem horizontes das cooperativas brasileiras
As cooperativas brasileiras, especialmente dos ramos financeiro, agrícola e de trabalho, estão vivenciando uma transformação impulsionada pela chegada da tecnologia blockchain e pela regulação dos ativos digitais. Recentes avanços normativos, como a Lei nº 14.478/2022 e os projetos do Banco Central relacionados ao Drex e a tokenização de ativos, abriram novas perspectivas para inovação, eficiência e confiança institucional no setor cooperativista. Diante disso, gestores e cooperados se veem diante de desafios inéditos para reposicionar suas organizações e preparar-se para oportunidades desse ecossistema digital.
Contexto: a regulação dos ativos digitais no ambiente cooperativo
Nos últimos anos, o Brasil avançou na criação de marcos regulatórios para criptoativos e serviços conectados à tecnologia blockchain, trazendo impacto direto sobre cooperativas de todos os ramos. Segundo a OCB, a legislação vigente reconhece a atuação dos prestadores de serviços de ativos virtuais, e o Banco Central prepara diretrizes para integração da blockchain aos sistemas financeiros nacionais, o que inclui cooperativas de trabalho, crédito, consumo e agrícola. Consultas públicas recentes discutem intermediação, custódia e flexibilização regulatória. Dessa forma, a inovação digital não é mais tendência, mas parte da realidade operacional do cooperativismo.
A expectativa é que, em pouco tempo, cooperativas possam ofertar carteiras digitais, promover operações tokenizadas e diversificar modelos de negócio baseados em estruturas descentralizadas. O ambiente regulatório incentiva o desenvolvimento responsável, cabendo às cooperativas alinhar práticas internas com os protocolos de segurança, gestão e governança previstos pelas normas nacionais (fonte: OCB, Banco Central).
Impactos contábeis, fiscais e gerenciais trazidos pela blockchain
Além do aspecto tecnológico, a integração dos ativos digitais e da blockchain exige mudanças na prática contábil, fiscal e gerencial das cooperativas. O CFC destaca que carteiras digitais e operações tokenizadas demandam controles internos robustos, registros transparentes, rastreamento dos fluxos financeiros e auditoria contínua dos processos para garantir compliance e minimização de riscos. O Sebrae aponta que a digitalização pode gerar ganhos em eficiência operacional, redução de custos operacionais, melhoria na rastreabilidade de recursos e maior segurança dos dados.
Por outro lado, os impactos fiscais devem ser avaliados junto à Receita Federal: operações com criptoativos e tokens podem exigir novas formas de apuração tributária, declaração detalhada e adaptações na escrituração contábil, além da observância das regras de responsabilidade fiscal. Cooperativas agrícolas e de trabalho, por exemplo, podem utilizar blockchain na rastreabilidade de contratos, pagamentos e operações financeiras, otimizando auditorias e elevando transparência para os cooperados (observação do setor).
Perspectiva cooperativista: inovação e fortalecimento institucional
Diante desses avanços, as lideranças cooperativistas vislumbram múltiplas possibilidades para fortalecer a governança, ampliar participação no mercado e engajar cooperados. De acordo com a OCB, a tecnologia blockchain reforça valores históricos do cooperativismo: confiança, descentralização, transparência e participação democrática. Cooperativas que adotam ativos digitais ganham protagonismo ao oferecer modelos de negócios inovadores, mais seguros e competitivos.
Exemplos setoriais revelam casos de integração entre blockchain e práticas ESG. Em projetos agrícolas, o rastreamento da produção via tokens atrelados à cadeia logística pode agregar valor aos produtos, facilitar auditoria de boas práticas e reforçar a responsabilidade socioambiental das cooperativas. No ramo de trabalho, sistemas baseados em blockchain podem garantir registros justos de jornadas, pagamentos e benefícios, promovendo maior equidade e adesão dos profissionais.
Essa transformação institucional depende do comprometimento das lideranças, capacitação das equipes e desenvolvimento de políticas internas voltadas à inovação digital, seguindo recomendações de governança do CFC e boas práticas do Sebrae.
Orientações práticas e próximos passos para as cooperativas
Adotar blockchain e ativos digitais envolve planejamento estratégico e revisão dos processos internos, legislativos e de governança. O Sebrae sugere iniciar com diagnóstico da maturidade digital, mapeando oportunidades e vulnerabilidades. É fundamental que cooperativas construam comitês técnicos, busquem assessoria especializada e realizem treinamentos para lideranças e equipes operacionais. O CFC recomenda inclusão da agenda digital nos planos estratégicos, alinhando protocolos de segurança, gestão de riscos e adequação contábil.
Além disso, cooperativas devem apoiar o desenvolvimento de soluções customizadas para o setor: carteiras digitais para cooperados, modelos de contratos inteligentes, sistemas de rastreabilidade blockchain e integração de padrões ESG. O ambiente regulatório, cada vez mais flexível, incentiva protagonismo cooperativo no ecossistema digital, promovendo inovação responsável e fortalecendo a cultura da confiança. Em resumo, estar apto a inovar, atender às demandas legais e engajar cooperados será diferencial competitivo para todos os ramos cooperativistas.
- Investir em diagnóstico digital e capacitação contínua das equipes
- Revisar políticas internas segundo orientações do CFC e protocolos de segurança digital
- Criar comitês de governança e inovação voltados à blockchain
- Atualizar processos fiscal e contábil para inclusão de ativos digitais (conforme Receita Federal)
- Buscar soluções customizadas em integração de blockchain, tokenização e rastreabilidade
- Ampliar comunicação e transparência com cooperados sobre mudanças digitais
- Utilizar guias técnicos da OCB, Sebrae e consultorias especializadas



