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Desemprego e flexibilidade da jornada de trabalho na nova CLT abriram janela para profissionais de reparos e manutenção, que têm buscado soluções digitais para ampliar a carteira de clientes
Com a alta no desemprego, que assola 12,6 milhões de brasileiros, as plataformas de contratação de serviços viraram alternativa para remuneração, o que impulsionou o número de trabalhadores sem carteira assinada e autônomos no País. Com a reforma trabalhista, espera-se que mais pessoas optem por esses meios.
“Por conta da reforma trabalhista, os profissionais que até então trabalhavam em tempo integral poderão ter maior disponibilidade de tempo. Desta forma, eles poderão ser beneficiados para atender novas oportunidades de trabalhos pontuais”, diz a diretora-executiva da AGR Consultores, Jessica Costa.
Segundo a executiva, a recessão mudou o hábito dos consumidores. Se antes eles preferiam comprar e assim trocar itens usados por novos, principalmente no caso dos eletrônicos, o avanço na procura por serviços de assistência técnica, por exemplo, demonstra que o cliente está mais cuidadoso hoje, preferindo reparar o aparelho ao invés de adquirir um novo.
Reflexo desse avanço na procura por profissionais autônomos foi visto na plataforma GetNinjas, que conta com mais de 300 mil profissionais cadastrados e registrou R$ 300 milhões em transações que ocorreram entre prestadores de serviços e clientes em 2017.
“Essa procura está relacionada à popularização do smartphone. Existe uma tendência grande de que os profissionais entrem no mundo virtual e passem a utilizar a plataforma para oferecer serviços e, ainda, de que as pessoas contratem mais on-line”, acredita o CEO do GetNinjas, Eduardo L’Hotellier.
Na plataforma, fundada em 2011 por L’Hotellier, os serviços mais requisitados em 2017 foram destinados à ‘assistência técnica para celulares’, ‘pedreiro’, ‘buffet completo para eventos’ e ‘diarista’, mas também há espaço para autônomos que ofertam desde ‘aulas escolares e reforço’ a até mesmo profissionais da área da saúde, como nutricionistas.
Reparo para casa e celular
Em uma economia que deteriorou-se nos últimos anos, o reparo de eletrônicos e pequenas reformas para a casa ganharam destaque. “Como o dólar subiu muito nos últimos anos, comprar um celular novo se tornou mais difícil para a maioria dos brasileiros. No entanto, quebrar o celular é algo muito comum. Como os materiais eletrônicos são caros, faz mais sentido reparar que comprar um novo”, diz.
Já na plataforma iPrestador, fundada recentemente, os profissionais que realizam a reforma para os lares são os mais requisitados. Dentre as 5 mil profissões ofertadas e espalhadas por 22 categorias, destacam-se eletricista, com cerca de 7% das procuras, pintor (4%), pedreiro (4%) e marido de aluguel (3%).
“Entre 2016 e 2017, as pessoas focaram mais em pequenas reformas. Vimos bastante demanda para troca de chuveiros queimados, por exemplo. É lógico que muitas pessoas não contratam eletricistas para fazer esse serviço, mas existe um risco quando se mexe com eletricidade”, afirma o fundador do iPrestador, Ronaldo Barros.
Contratante cauteloso
Mas nem tudo é positivo. Do outro lado da ‘tela’, os clientes que contratam esses serviços muitas vezes esbarram em perfis e ofertas falsas na internet, algo que gera dúvidas na hora de solicitar um profissional nas plataformas. “O cliente ainda está se habituando a este tipo de oferta e serviço. É fundamental que o prestador de serviço domine o serviço que está ofertando e seja transparente com o cliente. Entender a necessidade do consumidor e oferecer de fato a melhor solução, pensando em custo benefício para o cliente é fundamental”, alerta Jessica, da AGR.
Fonte: Jornal DCI.