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Criadora do Índice Maha, Jiva afirma que pequenas tirariam 58 de 100 em teste de boas práticas; 30% delas misturam conta pessoal e da empresa
São Paulo – Se gestão empresarial fosse uma prova com notas de 0 à 10, seria grande a chance de boa parte das pequenas e médias (PMEs) empresas brasileiras serem reprovadas, enquanto mesmo aquelas consideradas ‘na média’ correriam o risco de ficar para trás. A análise foi feita pela Jiva, especialista em softwares voltados para o segmento.
Tal diagnóstico foi alcançado após a empresa amealhar, ao longo dos últimos cinco anos, uma série de práticas corporativas em mais de 5 mil PMEs, das quais 2,5 mil são atuais clientes. A compilação dos dados permitiu a criação do Índice Maha Gestão.
“Criamos um algortimo que funciona como um índice de boas práticas – como se fosse uma escala Richter da boa gestão”, exemplifica o fundador e diretor-presidente da Jiva, Fábio Túlio. Segundo ele, a nota média das pequenas brasileiras não é muito animadora: em uma escala com notas que vão até 100, a maturidade das nossas PMEe ficaria em 58 – ou uma nota vermelha.
A perspectiva é preocupante se consideramos que atualmente existem 16,059 milhões de PMEs no País – ou 93,7% das empresas ativas, de acordo com dados do Empresômetro mantido pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Deste total, 66,8 mil fecharam as portas apenas em 2017; em 2016, 346,9 mil passaram pela mesma situação dramática “Apesar da crise ser igual para todos, as PMEs sofreram muito mais”, explica Túlio. “Elas têm menor musculatura, menos recursos, equipes mais simples e na maior parte das vezes sem especialistas”. Se o cenário adverso joga contra, explica o especialista, as vezes uma ‘mãozinha’ pode fazer a diferença.
O mercado de empresas que oferecem softwares de ERP [ou enterprise resource planning] para pequenas e médias tem crescido muito nos últimos anos, mas a Jiva acredita no índice Maha como trunfo. Segundo Túlio, se a média brasileira ronda os 58, no caso daquelas que se tornam clientes da companhia mineira (que atua desde 2006), a pontuação sobe para 70. “A questão é que mesmo quem estiver com essa nota não pode ficar satisfeito, dependendo do setor”, avalia o executivo.
Referências
Túlio usa o exemplo do comércio. Ainda que o índice Maha médio do segmento (58) esteja a frente do percebido entre as pequenas e médias indústrias (56) ou nos prestadores de serviços (53), muitos ajustes ainda precisam ser feitos. “Percebemos que a maior parte dos comerciantes ainda compra por feeling, sem saber analisar estoque mínimo ou máximo, por exemplo”, avalia o gestor. Prova disso é que os varejistas considerados benchmark (referência no mercado) – ou 5% do total – atingem nota 83 no índice elaborado pela Jiva.
No caso da indústria, os 5% ‘eleitos’ têm nota 84; entre aqueles que prestam serviços, mesmo entre os melhores a nota média fica em 78. Destaque negativo para empresas que oferecem assistência técnica: a gestão média do segmento recebeu uma mísera nota 49.
Para a Jiva, o perfil das pessoas que lideram os pequenos negócios é o principal – mas não o único – fator que explica as notas tão baixas. “Normalmente é gente mais genérica, que cuida de muitas ou todas as áreas”, vê Túlio. Mesmo em casos onde o gestor adquire experiência na prática, uma hora ou outra a sucessão vai se tornar um ‘pepino’. “Muitas vezes o pai é muito bom naquilo, mas não necessariamente as futuras gerações estarão preparadas”, afirma.
Tão comum quanto é a incidência de empresas que misturam as contas da empresa com a pessoal. “30% delas ainda fazem isso”. Já outras se destacam em um lado, mas deixam a desejar no outro. “As vezes vemos empresas com uma nota 65, mas com a área de vendas nível 30. Por isso é importante ter alguém que aponte os pontos fracos”, avalia Túlio.
Também merecem atenção aqueles empresários que não sabem tirar proveito das tecnologias existentes dentro de casa. “Constatamos muitos casos de softwares bons, mas subutilizados, mesmo em casos onde houve treinamento. Não adianta ter o software mas não internalizar as práticas”, afirma Fábio Túlio.
O especialista tenta resolver essa de problema com um time de consultores de campo da Jiva e afiliadas, que auxiliam clientes através do modelo de franquias. Além disso, a empresa também possui a Universidade Corporativa Jiva, que oferece certificações em gestão via ensino à distância (EaD). Neste ano, a iniciativa bateu a marca de 14 mil alunos.
Fonte: DCI – 28/06/2017