Uma história de como surgiram as moedas digitais e para onde elas levarão a economia
– Nós não vivemos em tempos materiais, mas, sim, imateriais. E essa imaterialidade está sendo trazida pela tecnologia.
O futuro do dinheiro é certo e garantido: não viveremos sem ele. O dinheiro já foi centralizado, passou a ser descentralizado e, agora, está passando a ser distribuído. Isso significa que, depois de uma longa história de 5 mil anos, se percebeu que o dinheiro precisa ser autônomo.
Um grupo que se intitula cypherpunks – pessoas que repudiam qualquer tipo de governo e acreditam no Grande Irmão de George Orwell – decidiu criar tecnologias para proteger sua privacidade. Então, nos anos 80, foram criadas várias ferramentas de criptografia para nos proteger de um futuro vigiado. Em 1993, alguém percebeu que isso poderia virar uma moeda – o bitcoin. Cinco anos depois, aperfeiçoá-la. Em 2008, finalmente, começou a ser criado um modelo de negócio em torno disso.
As três ideias que estão na base desse modelo são muito simples: (1) garantir a unicidade do bitcoin (todo ativo é único e, quando transferido, é substituído por outro tão único quanto), (2) criar uma chave de acesso incorruptível (3) guardá-lo em um cofre e fazer vários back-ups desse cofre.
O bitcoin é uma moeda que está hoje em 14 milhões de cofres. A sua moeda, que é única – e esse é o paradigma mais louco de todos -, está em 14 milhões de bancos. Se um quebrar, tem outros com a mesma cópia. Ou seja, é impossível perder os seus bitcoins. A mesma mentalidade se aplica às outras moedas virtuais.
Os cypherpunks começaram, então, a vender os bitcoins como selinhos colecionáveis. Na China, onde é proibido circular dinheiro que não seja controlado pelo governo, criou-se um mercado paralelo: as pessoas começaram a utilizar os selinhos (bitcoins) como dinheiro de verdade para transações online.
Além do bitcoin, agora, há opções: o Z-Cash, por exemplo, além de ser único, não é rastreável. O criador desse conceito está desenvolvendo essa moeda para o mercado de capitais, o que seria o equivalente ao bitcoin para o mercado de varejo hoje.
Para onde vai tudo isso? Não sabemos ainda. Assim como no surfe, para pegar uma onda, precisa se jogar em algo que parece assustador. Se não soubermos pensar juntos, não vamos conseguir pegar essa onda maravilhosa.