Educação financeira e cooperativismo: como formar jovens consumidores mais conscientes

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Com que idade aprendemos o papel do dinheiro em nossa vida? Há uma idade ideal? Ainda hoje a educação financeira continua ausente em muitos lares, trazendo consequências que passam de geração para geração. Assim como em outros assuntos, a educação é primordial para criar adultos mais conscientes. E tal aspecto vale inclusive para a vida financeira.

Muitos jovens iniciam o primeiro emprego sem possuir o mínimo de instrução para lidar com seu próprio dinheiro. Mesmo que ainda sobre o guarda-chuva familiar, essa negligência com um recurso tão indispensável pode trazer problemas maiores que o irão perseguir pelo resto da vida.

É de olho nesse cenário que cooperativas e instituições trabalham em conjunto para levar a educação financeira para o maior número de pessoas, preferencialmente inserindo esse conhecimento já na primeira etapa da vida escolar. Mas na prática, como fazer com que essas informações sejam passadas para crianças e adolescentes na idade certa?

A primeira etapa: o cofre

É de conhecimento geral que o dinheiro é um elemento essencial do nosso modelo de vida. Mas por que então tão pouco se fala sobre ele? Para Márcia Fernanda Rocha, supervisora de Investimento Social Estratégico do Sicoob, esse assunto ainda é tratado com certa desconfiança.

“No Brasil, conversar sobre dinheiro é um tabu e essa afirmação é também notada na relação entre pais e filhos. Alguns sentem culpa por serem ricos, outros sentem vergonha das dívidas que contraíram, outros ainda não conversam sobre o assunto com medo de serem mal interpretados”, diz Márcia.

Especialistas ressaltam que ensinar a lidar com o dinheiro deve ser algo a ser introduzido ainda na infância, utilizando técnicas como a semanada ou mesada, e também reconhecendo que o comportamento dos pais é uma referência para seus filhos. “Conversar sobre finanças com os filhos desde cedo não ajuda apenas a equilibrar as contas da casa, como também auxilia na formação de adultos autônomos e organizados em relação ao dinheiro. E o principal ensinamento é dado por meio do exemplo”, ressalta Márcia.

Nos anos seguintes é imprescindível manter uma conversa sobre a importância de poupar e entender que dinheiro é um recurso limitado, mostrando que ao optar por adquirir uma coisa, outra deverá ser abdicada. Para Márcia, criar na criança a consciência de que o dinheiro é, assim como a água, um recurso finito, é o primeiro passo para construir hábitos financeiros saudáveis.

Já próximo da fase adulta, antes da entrada na universidade e a possibilidade do primeiro emprego, é aconselhável que os pais tragam outros assuntos, desta vez relacionados ao mundo dos adultos. Tópicos como investimentos e a importância de se utilizar um cartão de crédito de forma responsável devem ser introduzidos antes mesmo do acesso a esse recurso. Ainda aqui, ressaltar a importância de um hábito de consumo consciente é chave para evitar gastos desnecessários, que poderão resultar em endividamentos e inadimplência.

Introduzir temas relacionados ao mundo financeiro deve ser um hábito praticado desde cedo. Porém, muitos adultos também cresceram sem esse tipo de informação, e hoje possuem diversas dificuldades nesse assunto. Buscando criar uma geração mais consciente em relação aos seus hábitos de consumo, cooperativas ao redor do Brasil oferecem hoje cursos, eventos, palestras e outras atividades que incentivam o desenvolvimento desse conhecimento. Um desses eventos é o Global Money Week, uma iniciativa global que busca criar jovens financeiramente conscientes.

Consumo consciente: cooperativismo em prol de uma causa

Organizado pela Presidência Italiana do G20, o Global Money Week reúne diversas ações para incentivar a educação financeira em crianças, jovens e jovens adultos (até 29 anos). Através de uma semana de atividades, palestras, debates e desafios, o programa que está presente em 175 países busca garantir que seu público esteja adquirindo os conhecimentos necessários para serem futuros adultos com uma maior bagagem de informações, suficientes para garantir o bem-estar financeiro.

Um dos aliados dessa causa foi o Sicoob, assim como revela Márcia Rocha. “O Instituto Sicoob liderou junto às 16 Cooperativas Centrais Sicoob a organização e implementação de ações virtuais que, juntos, incentivaram as Cooperativas Singulares para levarem educação financeira para crianças e jovens de suas comunidades. Foram realizadas 1.726 iniciativas distribuídas em 107 eventos abertos, 421 eventos fechados e 1198 ações de divulgação.

Assim como tal iniciativa demostra, as cooperativas de crédito têm um papel essencial na formação de cooperados financeiramente conscientes. Em artigo à InfoMoney, Reinaldo Domingos, Presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abrefin), ressalta o importante papel que esse conhecimento tem na vida das pessoas.

“A educação financeira é uma forma de lidar com o dinheiro, que prioriza a realização dos sonhos. O tema é imprescindível, uma vez que a maioria das pessoas não teve a oportunidade de aprender a lidar com os recursos financeiros da forma correta, a fim de que sejam uma ferramenta para conseguir os objetivos e não uma finalidade”, diz ele.

Já hoje, cooperativas como a Sicredi, a COOPEREMB e o Sicoob oferecem programas de educação financeira para seus cooperados. Como o cooperativismo é formado por pessoas, e é influenciado pelas decisões de todos os cooperados, ter indivíduos mais cientes desses assuntos é também algo desejável para as cooperativas.

“No caso das cooperativas financeiras, essa é uma preocupação primária, porque ter cooperados educados financeiramente cria as condições para sua manutenção como entidade sustentável, podendo cumprir adequadamente sua função social, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social da comunidade onde atua”, diz Márcia.

Domingos também reconhece que as cooperativas já possuem uma dinâmica diferente quando se trata desse assunto, mas faz questão de lembrar que é preciso fazer ainda mais. “Os cooperados em sua maioria já são pessoas que possuem uma visão diferenciada perante o dinheiro. No entanto, ainda há para explicar sobre esse universo da educação financeira, proporcionando nova visão sobre o dinheiro e ajudando a compreender a importância de poupar para que se atinja os sonhos”, ele ressalta.

Com regiões específicas que se beneficiam das atividades da cooperativa, é possível desenvolver um programa adequado para cada local, aumentando ainda mais o aproveitamento das atividades e conhecimentos transmitidos. O Brasil ainda é um país com um grande número de endividados, mas o cooperativismo já tem mostrado que pode ser um grande aliado na busca por jovens e adultos ainda mais preocupados com sua vida financeira.

O legado para a próxima geração

Não é segredo que as crianças e adolescentes nos tomam como fontes de inspiração. São ações dos pais e outras figuras que acabam refletidas na forma como as próximas gerações irão se comportar, seja em relação à vida em sociedade, ao relacionamento entre nós humanos e o meio ambiente. E claro, nossa relação com o dinheiro. Tudo isso pode ganhar um novo rumo se as mudanças começarem a ser colocadas em prática agora.

A educação financeira é, como já provado, um item indispensável para a nossa formação. Como é a ordem natural, crescemos e precisamos tomar decisões em relação à forma como tratamos nosso dinheiro, que é conquistado através do esforço e da dedicação que colocamos em nossos trabalhos. Evidenciar essa relação para os pequenos é de extrema importância, criando uma consciência de que o dinheiro não é algo que vem fácil. Ou como a velha expressão brasileira diz: não cresce em árvore.

Não podemos cultivar dinheiro, mas o conhecimento é uma semente que merece ser plantada e cuidada de forma paciente. Os frutos podem demorar, mas o impacto será positivo não só no âmbito individual, como também no coletivo. O papel de regar essa planta, mantendo a metáfora, cabe a cada um de nós. Este é, sem sombra de dúvidas, um esforço coletivo que vale a pena.


Por Leonardo César – Redação MundoCoop

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