Atitude vale mais na hora de escolher um estagiário

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Faculdade conceituada, boa família e ser jovem parece o estereótipo ideal para a vaga, certo? Errado! A postura e a ambição precisam falar mais alto

São Paulo – Mais do que faculdade e idade, a seleção de um estagiário deve considerar fatores pessoais, como atitude e proatividade. Para especialistas, o principal erro das empresas é a falta de um plano de carreira que retenha o funcionário treinado e o investimento não se torne perdido.

“Muitos processos seletivos buscam o melhor aluno e nem sempre é ele que faz o melhor trabalho”, explica o diretor da Wiabiliza Consultoria, Jorge Ruivo. De acordo com o executivo – excluindo vagas técnicas que dependam do conhecimento para realizar o trabalho (como a área de contabilidade) -, a escolha nunca deve se basear só na faculdade e idade.

Segundo Ruivo, a atitude é um dos fatores mais importantes na hora de contratar um estagiário, pois influencia diretamente na disposição para aprender e até a proatividade na hora de solucionar um problema. “Isso independe da faculdade”, analisa. Para o executivo, limitar o número de instituições pode fazer com que muitas empresas deixem passar bons profissionais.

Outro erro muito cometido pelas empresas, citado por ele, é a restrição de idade. “Um erro muito comum nos RHs (área de Recursos Humanos) é buscar sempre o mais novo, mas nem sempre ele sabe o que quer e tem problema em dar continuidade ao trabalho, seja por falta de maturidade ou não saber o que quer, afinal eles saem do segundo grau sem uma perspectiva de carreira definida. Quantas pessoas não fazem segunda faculdade?”, questiona Ruivo.

Mesmo que os processos seletivos não tenham sempre uma variedade grande de idade, o executivo aponta que se houver uma oportunidade de selecionar pessoas menos jovens, é algo que se deve aproveitar. “É um risco menor, porque pessoas mais velhas trazem uma ideia mais solidificada e consolidada e não está mais procurando o que vai fazer”, coloca. Ruivo complementa que o investimento no estagiário é muito alto e por isso é importante minimizar os erros e a rotatividade.

Além disso, o analista ressalta a importância das empresas criarem programas de estágio antes de realizar o processo seletivo. “Caso contrário, vira mão de obra barata e quando o mercado estiver bem e contratando rouba o funcionário. Daí a empresa perde o investimento e vira o que chamamos de ‘escola'”, sinaliza o executivo, acrescentando que é um dos casos mais comuns no País.

Atualmente, muitos estudantes vêm de famílias bem-estruturadas e não dependem necessariamente da bolsa-auxílio, por isso é necessário dar uma perspectiva de carreira. “Várias empresas vão às melhores escolas e trazem pequenos gênios, mas não sabem como lidar com eles, daí o cara vai embora e custa caro, afinal, não se forma estagiário em pouco tempo”, destaca.

Dentro do programa de estágio, ele indica que é importante colocar linhas de responsabilidade claras que mostrem quais os objetivos da vaga e quais as responsabilidades. “Isso muitas vezes não é dito e se você não der parâmetros, ele não vai saber o que deve fazer e entregar. Ele tem que saber que vai ser cobrado.”

“Eles querem chegar e aplicar o que aprendem na faculdade, mas há um gap entre o que ele aprendeu e a vida profissional”, diz.

PMEs

Outra questão, que pode ser tanto uma oportunidade quanto um desafio, é o estágio em empresas de menor porte. “Muitos estagiários buscam a grande empresa, porque acham que têm mais oportunidade, mas na estrutura da pequena você trilha o caminho de forma mais acelerada, porque o estudante na pequena empresa aprende mais coisas que na grande, onde as atividades são mais fatiadas. Mas elas ainda não aprenderam a usar isso a seu favor”, explica.

Para conseguir identificar os perfis que mostrem habilidade, competências e atitude, a gerente de empresas nacional do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), Darlene Carvalho, aponta que é importante ter sintonia entre a área de recursos humanos, os gestores e a empresa que realiza o recrutamento. “Isso diminui o insucesso da escolha”, comenta.

De acordo com ela, é importante que a empresa entenda o perfil que procura para a vaga para que não divague muito e não acabe encontrando o perfil que busca. “Ele deve saber as competências necessárias para a função e se tiver dificuldade de identificar, é preciso que procure uma empresa que ajude nisso, caso seu RH não seja estruturado”, diz.

A expectativa, segundo o Nube, é que o número de vagas de estágio no primeiro trimestre de 2017 chegue a 32 mil, apesar do número ter sido maior que em 2016, ainda representa um resultado menor que 2015 e 2014. “Ainda há muitas empresas que não descobriram os benefícios de ter programas de estágio”, diz Darlene. Segundo ela, atualmente, existem mais de 9,6 milhões de alunos no ensino médio e técnico e 8 milhões no superior e apenas, 260 mil estagiários na primeira categoria e 740 mil na segunda. “O estágio é uma oportunidade de avaliar o jovem antes de contratá-lo sem gastos com INSS e FGTS”, conclui Darlene.

Fonte: DCI – 22/02/2017 – 05h00  – Vivian Ito

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